Vai buscar!

Oito anos depois de ser equipada e sete anos depois do seu único encadeamento pelo Francisco, a Quaqua come kiki, quaqua p’rós amigos, ouviu finalmente o “vai buscar!” da praxe.

Com os nervos já bem esticados, para não falar dos tendões, à beira de desistir ou de ser internado, posso dizer que esta via pôs à prova sobretudo a minha sanidade mental. E quando estava no último movimento duro da via, já com as mãos a abrir, sem saber se ia conseguir ou não o próximo movimento, nesse segundo que durou uma eternidade, passou-me bem pela cabeça que se caísse ali, a morder a última presa, ia ter um colapso raivoso! Das duas, uma, ou atirava o meu material ao mar ou partia aquela via em pedacinhos e saia do Portinho em camisa-de-forças!

Quer isto dizer que a via é dura? Não exageremos, a via é uma cagada! Mas principalmente a via não gosta de mim e eu não gosto dela. Por isso mesmo, por se ter tornado numa questão pessoal, tive que a encadear. Além disso jurei ao Demónio da rocha que hei-de encadear todas as vias que equipei.

Obviamente que não me vou pronunciar sobre o grau da via. A via para mim não tem grau, pertence a uma escala pessoal de valores que não tem qualquer interesse para mais ninguém.

A via (agora) pode definir-se assim: é uma cagada com um buraquinho.