Viva!
Como se previa, conhecendo o formigueiro que tens dentro dos dedos e o lápis roído que trazes sempre atrás da orelha para ires riscando as vias e aviões do mundo, há muita actividade por aí! Nem nós esperávamos por outra coisa. Aliás, a ausência das vossas notícias só eram suportáveis porque bem sabíamos que andavam pendurados a viver histórias para nos contar. Afinal de contas nós também patrocinámos a vossa viagem com a nossa motivação.
Chegou a altura da prestação de contas a estes patrocinadores. Abrimos o vosso e-mail já a esfregar os olhos de contentamento antecipado… Muito bem, o resumo está bem feito, mas… onde está o resto? Apenas meia-dúzia de palavras para falar de um continente inteiro e três meses verticais!... Isso não é ser sucinto, é um roubo!
Senão, vejamos:
“Já não temos medo dos Off-With’s, nem das chaminés”. Que raio! Assim, sem mais nem menos, dás cabo do maior dos mitos e dos pesadelos dos escaladores!? Não, não. Pelo menos, toca a contar as primeiras sensações de arrastadeira em fase terminal de Parkinson por esses canais que foram feitos nem para ir por dentro nem por fora!
"Free Rider (35 largos, 4 dias)". Esta frase é simplesmente vergonhosa! Reduzes 1000 metros de granito e 96 horas de escalada a quatro palavras e dois números! Achas que ficamos contentes com isto!? É um ultraje, sentimo-nos roubados! Queremos os pormenores e os detalhes cómico-trágicos, do género "...e o friend escorregou-me entre os dedos, bateu no joelho, ainda lhe dei um kick com o pé, mas caiu 700 m em cima das copas dos pinheiros" ou “…no 4º dia, com as mãos inchadas como sapos-boi, entalar nas fissuras era como enfiar as mãos na picadora 1,2,3”.
“o deserto foi incrível”. Come on (ler cámón)!? Frases como esta, sem mais nada, são simplesmente inaceitáveis! “Incrível”!? Incrível é não nos dizeres nada, pá! Queremos é que nos fales daquela parte em que começaste a ouvir castanholas a meio da noite e como não tinhas fumado nada percebeste que era uma rattlesnake dentro do teu saco-cama. Ou queremos saber como te safaste depois de teres posto o último 5º friend nº 1 seguido e ainda faltavam 20 metros de fissura igual.
Enfim, pá! E ainda tens a lata de dizer que não damos notícias! Olha… Por aqui está um pouco de calor!...
Abraço e beijinhos para a Carolina,
Filipe
Como se previa, conhecendo o formigueiro que tens dentro dos dedos e o lápis roído que trazes sempre atrás da orelha para ires riscando as vias e aviões do mundo, há muita actividade por aí! Nem nós esperávamos por outra coisa. Aliás, a ausência das vossas notícias só eram suportáveis porque bem sabíamos que andavam pendurados a viver histórias para nos contar. Afinal de contas nós também patrocinámos a vossa viagem com a nossa motivação.
Chegou a altura da prestação de contas a estes patrocinadores. Abrimos o vosso e-mail já a esfregar os olhos de contentamento antecipado… Muito bem, o resumo está bem feito, mas… onde está o resto? Apenas meia-dúzia de palavras para falar de um continente inteiro e três meses verticais!... Isso não é ser sucinto, é um roubo!
Senão, vejamos:
“Já não temos medo dos Off-With’s, nem das chaminés”. Que raio! Assim, sem mais nem menos, dás cabo do maior dos mitos e dos pesadelos dos escaladores!? Não, não. Pelo menos, toca a contar as primeiras sensações de arrastadeira em fase terminal de Parkinson por esses canais que foram feitos nem para ir por dentro nem por fora!
"Free Rider (35 largos, 4 dias)". Esta frase é simplesmente vergonhosa! Reduzes 1000 metros de granito e 96 horas de escalada a quatro palavras e dois números! Achas que ficamos contentes com isto!? É um ultraje, sentimo-nos roubados! Queremos os pormenores e os detalhes cómico-trágicos, do género "...e o friend escorregou-me entre os dedos, bateu no joelho, ainda lhe dei um kick com o pé, mas caiu 700 m em cima das copas dos pinheiros" ou “…no 4º dia, com as mãos inchadas como sapos-boi, entalar nas fissuras era como enfiar as mãos na picadora 1,2,3”.
“o deserto foi incrível”. Come on (ler cámón)!? Frases como esta, sem mais nada, são simplesmente inaceitáveis! “Incrível”!? Incrível é não nos dizeres nada, pá! Queremos é que nos fales daquela parte em que começaste a ouvir castanholas a meio da noite e como não tinhas fumado nada percebeste que era uma rattlesnake dentro do teu saco-cama. Ou queremos saber como te safaste depois de teres posto o último 5º friend nº 1 seguido e ainda faltavam 20 metros de fissura igual.
Enfim, pá! E ainda tens a lata de dizer que não damos notícias! Olha… Por aqui está um pouco de calor!...
Abraço e beijinhos para a Carolina,
Filipe
1 comentário:
Não deixes o gajo escapar com menos do que uma palestra, em São Pedro do Estoril.
RicardoC
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