A moeda da Carochinha

Quem tomou a fábula anterior como historiazinha inventada e puro produto da imaginação, desengane-se, pois entre o mito e a realidade há mais pontos de contacto do que entre um escalador e uma placa tombada de aderência manhosa. Neste post trago-vos uma prova incontestável da existência da Carochinha.

Logo a seguir à via da Carochinha ter sido equipada, eu e o mike limpámos o chão dos calhaus mais proeminentes, tendo-se ganho no processo um metro de altura em alguns locais. Tudo isto para que o escalador que caia de corda na mão parta apenas os dois tornozelos. Bem bom.

Mas enquanto estávamos nesse rola-rola de pedras tumulares, encontrei mesmo na base do começo da via uma moedinha verde. “Bah… provavelmente são cinco tostões que o Paulo Alves perdeu quando abriu a ALAMPA” pensei eu. A ALAMPA, como toda gente sabe, é aquela via que um tipo qualquer nos anos noventa retroequipou com chapas ferrox sem pedir licença. Mas isto são outras histórias que só a maltinha do miolo é que conhece bem.

Mais tarde, com um truque de dona de casa (o meu hobby), limpei a moeda com sumo de limão (sim, porque a mim, não a vida mas o meu quintal, também só me dá limões). Afinal, tratava-se de uma moeda de prata de cinquenta centavos de 1931. Hum… Nessa altura, parece-me que toda a comunidade verticaleira do presente ainda passeava nos tomates dos seus avôs. Obviamente, esta era a moeda da Carochinha.

Bem sei que vocês estão a pensar “ah, e tal, mas os burros que escalam e falam não existem”. Mas eu digo-vos, então e as tickmarcks são ilusão de óptica? E os comentários abstrusos que se ouvem sobre pedrinhas, talhados e chapas nos açores!? Os burros não falam?...