terça-feira, maio 27, 2008

Mentalidade da cana

No outro dia apercebi-me de que a geração Gri, aquela que quando apareceu era motivo de gozo, já é considerada velha e clássica e que agora chegou uma nova geração (ou mentalidade): A geração cana ou cheat-stick. Ao menor contratempo ou dificuldade sacam do pauzinho e ala p’ra cima, os tops justificam os meios e o que é preciso é fazer uma análise detalhada das presas e descobrir o melhor método científico-económico de resolver os passos duros. As vias são laboratórios e a escalada uma ciência exacta. A via faz-se assim, para a encadear treinas assado e basta seres motivado como o burro pela cenoura à volta da nora.
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Não tenho nada contra esta mentalidade... senão uma ligeira repugnância e náusea (atenção, estou a falar da mentalidade e não dos escaladores). O principal problema de ver as vias como um laboratório é que isso faz do escalador um macaquinho amestrado sujeito a testes neuro-sensoriais. E para condicionamentos já bastam os sinais de trânsito, os semáforos, os polícias nas esquinas, a escola, a televisão e o rolo compressor do pensamento das maiorias.
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Não é que eu queira acabar com as canas, o que não me agrada mesmo nada é ter uma dentro da cabeça como uma muleta sempre à mão. Usar a cana por dá cá aquela palha é desprezar as vias e humilhar-se como escalador.

2 comentários:

Anónimo disse...

Grande regresso à blogosfera. Incisivo e directo ao assunto. Com este tipo de crónicas vai existir muito boa gente a recomendar um pós-doutoramento para acompanhar as questões dos eucaliptos e tal.....
PS. Eu provavelmente só não sou um deles porque não tenho a dita cana :) e tento (com graus variáveis de sucesso) manter a minha mente longe desses constrangimentos.

RicardoC

Chorão disse...

AArgh!! Fomos apanhados!

http://escalagem.blogspot.com/2007/02/cana-do-frouxo.html