quarta-feira, abril 04, 2007

A Bela d’A Bola

De repente, a Belinha apareceu à frente de milhares de olhos pelo país fora. Entrou em milhares de tascas, cafés, escritórios, gabinetes de ministros e esteve nas mãos de milhares de toscos e de outros tantos não tanto. Foi sujeita a milhares de avaliações de trinta segundos, colaram-lhe um rótulo e tão depressa como entrou, saiu pelos mesmos olhos que dia-a-dia engolem e esquecem milhares de imagens que, quer sejam insignificantes ou importantes, são tratadas da mesma maneira e têm o mesmo destino.

O artigo não estava mau (o que na minha escala de adjectivos quer dizer razoável) e cumpria bem um objectivo de divulgação. Mas tenho para mim que sair no jornal não é boa coisa. Mesmo num jornal desportivo, senão corremos o risco de aparecer entre um pedófilo e um deputado, corremos o risco de aparecer entre uma fotografia do Mantorras e do mafioso do Major do apito dourado. Felizmente que ela entrou por uma caneta avisada e, assim, livrou-se do segundo maior risco, que é dizer que usa uma corda para escalar e sair no jornal que é trapezista de circo. E escalada e circo como nós sabemos não tem nada a ver uma coisa com a outra. Senão, vejamos. No circo há palhaços, exibicionistas, malabaristas e recordes vários de gente que é a-mais-qualquer-coisa do mundo, enfim, um show off a valer! Quaisquer semelhanças com a escalada são meras coincidências...

Mas não se depreenda pelo que disse que não gostei de ler a notícia. É sempre engraçado ver alguém que conhecemos no jornal e vermos as reacções das pessoas. Aliás, quando folheio “A Bola” fico sempre imbuído de um espírito carroceiro e adopto os trejeitos boçais do leitor médio. Só dessa maneira consigo participar e ser aceite nas conversas de almoço. E dessas conversas pude concluir que o leitor médio leu só as letras gordas do artigo e que preferia mesmo era uma fotografia da escaladora de corpo inteiro nas páginas centrais...

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