Post exclusivamente destinado a escaladores masculinos e maiores de 18 anos. É completamente proibida a leitura do post a quem não se encontre nessas condições, razão pela qual não aceitaremos quaisquer futuros e depreciativos comentários ao mesmo se não se respeitarem os requisitos indicados.
Antes de escalar eu jogava Badminton. Podem rir. E porque havia também muito mais gente a rir e ouvia muitas bocas por ser um desporto amaricado, fui fazer um curso de escalada. Para ver se aumentava o status e o bíceps. Deu um resultadão e a partir daí tudo correu às mil maravilhas. Como os outros escaladores, eu passei a andar pelas ruas de peito inchado, mas ultimamente o status começou a baixar e o peito a encolher.
Isto não me deixava dormir e abalava os meus mais profundos fundamentos sobre a essência da escalada. Pus-me a pensar no problema. Já há muito tempo que corre o boato de o futebol ser mais perigoso do que a escalada. Diz-se. Ouve-se por aí. Mas até agora eram só rumores e conseguíamos continuar a ser, no subconsciente do público, que é como quem diz, das miúdas, os gajos “de olhar fixo”, “postura vertical”, “sem medo”, “arrojados” e tudo o mais que faz parte da definição de herói macho. Ora, andava eu no meio do meu trabalho altamente científico e topo com um paper, ou seja um artigo, que vem pôr em risco a nossa áurea de heróis-que-arriscam-a-vida-no-mais-pequeno-movimento. Fiquei com os (poucos) cabelos em pé!
O paper é este. E para quem não quiser ler, eu resumo numa frase o que lá vem: há dez vezes menos riscos de ter acidentes na escalada do que no futebol ou, traduzido em números, por mil horas de actividade, a média é de 3 acidentes contra 30 no futebol.
As implicações deste estudo estão à vista, se esta ideia se espalha, os escaladores estão tramados! Aquela coisa de ter “a vida na ponta dos dedos” e “a minha vida é o risco” começa a cair por terra. Os investigadores deste estudo, que devem ser panel... ser gajos que não escalam, vêm mostrar bem que isso do risco na escalada é uma tanga. Claro, nós já sabíamos, mas dava-nos um jeito do caraças. As miúdas suspiravam de admiração e os velhos viam-nos como malucos pendurados por cordéis em cima de horríveis abismos. A escalada era vista como jogar à roleta russa. À conta do K2, do Anapurna e do Eiger, quantas miúdas não papám... não nos caíram nas mãos? Dá vontade de rir mas é verdade. Nós que não passamos dos ridículos 15 m de altura, amarrados como múmias a um sítio perto dos tom... amarrados como bebés pelo cordão umbilical, tínhamos a fama e o proveito. Andávamos aqui à sombra da bananeira, a colher os frutos do medo e do perigo que os outros passaram e agora vai-se acabar a mama...
Antes de escalar eu jogava Badminton. Podem rir. E porque havia também muito mais gente a rir e ouvia muitas bocas por ser um desporto amaricado, fui fazer um curso de escalada. Para ver se aumentava o status e o bíceps. Deu um resultadão e a partir daí tudo correu às mil maravilhas. Como os outros escaladores, eu passei a andar pelas ruas de peito inchado, mas ultimamente o status começou a baixar e o peito a encolher.
Isto não me deixava dormir e abalava os meus mais profundos fundamentos sobre a essência da escalada. Pus-me a pensar no problema. Já há muito tempo que corre o boato de o futebol ser mais perigoso do que a escalada. Diz-se. Ouve-se por aí. Mas até agora eram só rumores e conseguíamos continuar a ser, no subconsciente do público, que é como quem diz, das miúdas, os gajos “de olhar fixo”, “postura vertical”, “sem medo”, “arrojados” e tudo o mais que faz parte da definição de herói macho. Ora, andava eu no meio do meu trabalho altamente científico e topo com um paper, ou seja um artigo, que vem pôr em risco a nossa áurea de heróis-que-arriscam-a-vida-no-mais-pequeno-movimento. Fiquei com os (poucos) cabelos em pé!
O paper é este. E para quem não quiser ler, eu resumo numa frase o que lá vem: há dez vezes menos riscos de ter acidentes na escalada do que no futebol ou, traduzido em números, por mil horas de actividade, a média é de 3 acidentes contra 30 no futebol.
As implicações deste estudo estão à vista, se esta ideia se espalha, os escaladores estão tramados! Aquela coisa de ter “a vida na ponta dos dedos” e “a minha vida é o risco” começa a cair por terra. Os investigadores deste estudo, que devem ser panel... ser gajos que não escalam, vêm mostrar bem que isso do risco na escalada é uma tanga. Claro, nós já sabíamos, mas dava-nos um jeito do caraças. As miúdas suspiravam de admiração e os velhos viam-nos como malucos pendurados por cordéis em cima de horríveis abismos. A escalada era vista como jogar à roleta russa. À conta do K2, do Anapurna e do Eiger, quantas miúdas não papám... não nos caíram nas mãos? Dá vontade de rir mas é verdade. Nós que não passamos dos ridículos 15 m de altura, amarrados como múmias a um sítio perto dos tom... amarrados como bebés pelo cordão umbilical, tínhamos a fama e o proveito. Andávamos aqui à sombra da bananeira, a colher os frutos do medo e do perigo que os outros passaram e agora vai-se acabar a mama...
.
Há que tomar medidas. Por isso quando o pessoal parte pés e mãos e dedos e tendões, eu esfrego as mãos de contente e só vejo estatísticas à frente! É preciso passar à frente do futebol e reconquistar a nossa fama, senão acabaremos por ser as meninas do desporto! E qualquer dia quando dissermos que fazemos escalada respondem-nos “Ai que lindinho”...
Há que tomar medidas. Por isso quando o pessoal parte pés e mãos e dedos e tendões, eu esfrego as mãos de contente e só vejo estatísticas à frente! É preciso passar à frente do futebol e reconquistar a nossa fama, senão acabaremos por ser as meninas do desporto! E qualquer dia quando dissermos que fazemos escalada respondem-nos “Ai que lindinho”...
5 comentários:
Infelizmente não posso comentar aquilo que não li!
Mas cheira-me que a comunidade escaladora em geral (à excepção das poucas miúdas que de quando em vez aparecem na falésia para abrilhantar a paisagem) está em maus lençóis.
Ouvi dizer que me disseram...
Eu na semana passada dei cabo de um dedo, houve muito sangue... e foi a escalar... ja conta como acidente!!!
um dedo com sangue....
isso qualquer um faz a cortar umas fatias de presunto!!!
Somos machos sim, mas mais do que isso somos verdadeiros "Machos Latinos"!! No futebol ningém nos ganha no numero de cacetadas que damos no adversário. Na escalada.. bem, na escalada basta mostrar que temos tomates e tá feito!!
por isso é que eu passei do futebol para a escalada... tinha medo!! mesmo na escalada acho que não estou suficientemente seguro. assim sendo, pergunto-te: e o badmington? dói muito?
Enviar um comentário